sábado, 20 de março de 2010

Raciocínio lógico e senso prático lusitanos

Antes de generalizar e fazer piada dos patrícios, que têm me tratado muito bem, convém lembrar - não em nome do politicamente correto, mas em reconhecimento à cortesia dessa parcela que é mais atenciosa* - que estou mexendo com um estereótipo que nos dois casos a seguir tornou-se concreto.

1. Perguntei para a atendente do caixa no Mosteiro dos Jerônimos se deveria apresentar meu Lisboa Card (que dá acesso gratuito ao prédio) a ela ou ao homem que confere os bilhetes.

Se ela não tivesse entendido ou ouvido direito, teria me pedido para falar de novo - o que acontece com frequência quando há ruído de comunicação entre nós e os de outros sotaques lusófonos.

Em vez disso, ela me disse que o Lisboa Card dá acesso gratuito mas que teria de ser comprado do lado de fora... ¬¬

Então eu trato de refazer a pergunta com mais clareza e aí ela me dá a resposta necessária ("ao homem dos bilhetes"), mas confirmei que não houve mal-entendido: por qualquer motivo, ela presumiu que eu não tinha o Lisboa Card quando o raciocínio "natural" teria sido o oposto.

2. Dirigi-me em francês, logo que cheguei, ao recepcionista** do hotel "demi-bouche" onde havia reservado meu quarto aqui em Paris mas perguntei logo se ele sabia falar inglês.

Com a negativa, dei meu passaporte pra ele ver meu nome, conferir a reserva e me dar a chave do quarto.

Depois de algumas curtas tentativas de diálogo em francês, ele falou qualquer coisa em português de tom lisboeta (como "espere um minuto"). Achei simpático ele fazer um esforço para me agradar e respondi: "Você fala [alguma coisa em] português. Que legal".

"Sim, falo. Meus pais são portugueses"... ¬¬ Pergunta: por que não se acusou assim que pegou meu passaporte em mãos?

Bem, não vou reclamar muito porque já não estou mais perdido aqui no hotel.

***

* Também estou ciente de que os portugueses podem fazer troça de nosso miserável "jeitinho" ou da deficiência de ensino dos mais jovens, que não sabem prestar uma informação direito em um supermercado ou no meio da rua.

** Vide post abaixo.

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